Irene Coimbra




Nascimento de um Poema
O momento é propício
para sinfônicos poemas,
e sinto dentro de mim
brotando milhões de temas.

O primeiro aparece
na forma de um violino,
sugerindo um poema
com um teor divino.

Nesse momento uma música
aos poucos vai me envolvendo,
e tal como num parto
vejo o poema nascendo.

Ele já nasce nutrido
e vem com força total,
e sua primeira palavra
é um doce... “FELIZ NATAL!”







Desisti de vasculhar o porão!

Hoje decidi vasculhar um dos porões de minha mente.
Abri a porta e entrei.
Num canto, o armário com meus segredos de adolescente.
Destranquei-o!
A porta se abriu.
Mais ou menos organizado.
Cadernos amarelados...
Poesias e poesias de amor,
 de uma adolescente tímida e romântica.
Algumas lembrancinhas das viagens imaginárias...
Papéis de bala com algum significado...
Caixinhas e fitas coloridas....
Medalhas conquistadas em competições escolares...
Viajei...  Viajei... Viajei!
E veio a dúvida...
Jogar tudo no lixo ou deixar ali trancado
para voltar a reviver aquele passado?
Na dúvida, tranquei novamente o armário
e desisti de vasculhar o porão.
Saí!








Vento Materializado



Aqui de minha sala
olhando pela vidraça,
fico a pensar no vento
que pelas folhas perpassa.

O que será que ele sente
quando está a ventar?
Será que prefere a terra
 ou preferirá o mar?

Por que será que não o vejo
mas o sinto em mim tocar?
Será que é desse modo
que quer se comunicar?

De novo levanto os olhos
para a árvore da frente,
tentando ver se consigo
ver o vento de repente.

Então as folhas se agitam
num bailado sem igual,
como se representassem
um grande festival.

É como se me dissessem
que estão bailando assim,
porque o vento pediu
que bailassem para mim.

Nesse momento estremeço
com um toque em meu ouvido,
e, perplexa, eu ouço
o vento falar comigo:

“Não é para todo mundo
que gosto de revelar
tudo que você agora
acabou de questionar.

Mas sinto que você
merece atenção
porque faz suas perguntas
com amor no coração.”

E, com suavidade,
ele vai me explicando
e vou entendendo tudo,
que comigo vai falando.

Por fim ele me diz
que se materializou
só pra em meu ouvido
 o segredo que é pra eu guardar comigo
*****
Do Livro: “Entre Poemas” – Pág. 89 – Irene Coimbra













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